
Há alturas na nossa vida em que nos deparamos com questões que extravasam a nossa capacidade de resposta imediata. Uma dessas questões é a seguinte: onde será que temos andado que só agora descobrimos a loucura genial de Valter Hugo Mãe? É que Hugo Mãe é um autor de primeiríssima água, uma lufada de ar fresco nas letras em português, uma imaginação inigualável e dotado de um estilo e capacidade de escrita que há-de ficar para a história. Hugo Mãe é do melhor que temos lido e não estamos só a referir-nos a autores portugueses!
A máquina de fazer espanhóis é uma obra fantástica e deslumbrante. É inspirador e de uma magnificência extraordinária. É um bálsamo, um elogio à arte da escrita, um raio de Sol numa tarde de Inverno. É um livro espirituoso, profundo, fabulosamente bem escrito e com personagens perfeitamente bem esculpidas. O estilo do autor é sobranceiro e límpido. O enfoque metafísico-filosófico está na justa proporção com um leve travo a concepções de natureza histórica relativas ao nosso país. É uma obra, toda ela, a cheirar a Portugal!
Quanto à narrativa: é preciso ter coragem para imaginar e passar a escrito a história de um octogenário que vê a sua esposa falecer e que vai para um lar. Uma temática não explorada com suficiência na literatura.
Talvez o leitor deste blogue nunca tenha lido nada de Valter Hugo Mãe. Também nós nunca o tínhamos feito mas ficámos seduzidos desde a primeira página. Hugo Mãe é um autor a não perder, a ler e a reler e sobretudo a pensar. A mensagem tem um significado muito mais extenso do que a mera leitura das palavras pode parecer ter. A máquina de fazer espanhóis é um grande livro e a sua leitura é obrigatória!